Imaginar “Happy Endings” numa mostra colectiva de arte urbana

Fotografias por Crack Kids

Invocar finais felizes quando temos o último ano das nossas vidas como pano-de-fundo é uma tarefa árdua. Já para Diana Sousa e Miguel Negretti, manda-chuvas da loja e galeria de arte Crack Kids, em Lisboa, o exercício pareceu interessante que baste e valeu um desafio a uma série de artistas de veia urbana: “interpretar o final perfeito, capaz de arrancar sorrisos, mesmo que por trás de uma máscara”. O resultado dessa proposta está agora em exposição naquele espaço no Cais do Sodré e por ali se mantém até ao dia 29 de Maio.

“A nossa ideia passou por celebrar novamente a cultura porque tem sido um ano bastante duro para a indústria,” explica Diana Sousa. “Podermos continuar a fazer coisas, a existir enquanto plataforma cultural e a dar voz aos artistas é o que queremos celebrar. E brincar um pouco com esta ideia de happy endings e deixar aberto à interpretação de cada um.”

A mostra inclui trabalhos de traços e estilos distintos assinados por Sepher, Mariana A Miserável, Adamastor, Fiumani, Margarida Fleming, entre outros; obras que vão da ilustração ao grafiti num declarado reconhecimento da Crack Kids aos artistas que bebem referências da arte de rua para criar novas estéticas. “Sempre demos espaço de forma prioritária aos artistas com background no grafiti e arte urbana. Mas com esta exposição, sentimos que estava na altura de abrirmos um pouco o leque porque há artistas que nós gostamos e damos valor, mesmo que não tenham qualquer ligação ao grafiti. Mas podemos dizer que de alguma forma estes nomes estão ligados ao nosso universo da cultura de rua.”

Diana Sousa e Miguel Negretti começaram a pintar paredes na cidade de Lisboa em meados dos anos 2000. Mais de uma década volvida – há precisamente 13 anos -, abriram pela primeira vez as portas da Crack Kids e assim estabeleceram um ponto de encontro para a comunidade dedicada ao grafiti e à cultura de rua. “A Crack Kids quer reunir pessoas criativas – da música, design, ilustração, vídeo, grafiti – e fazer coisas genuínas e honestas acontecer,” explica Diana Sousa. “Sentimos que faz falta esta comunidade de criativos e queremos dar espaço para que todos possamos existir. Isto vem cá de dentro porque estamos cá desde o início e vivemos esta cultura.”

Incentivos suficientes para dar um pulo à Crack Kids e visitar a exposição “Happy Endings”, que decorre todos os dias das 10 às 19 horas (salvo restrições horárias devido à pandemia) na porta 20 do Armazém A da Rua da Cintura do Porto de Lisboa. Abaixo encontram uma amostra dos trabalhos em exposição.

“Lembra-me um sonho” de Mariana A Miserável (@marianaamiseravel)
“Floscranium” de Chure Oner (@chureoner)
“A manhã seguinte” de Fedor.Rua (@fedor.rua)
“Maria Borboleta” de Margarida Fleming (@margarida_fleming)
“Brain Feeder” de Fiumani (@fiumani_)
“Julgo ter encontrado o amor” de Gonçalo Mar (@goncalomar1)
“No Jardim das Pastilhas” de Mariana Margarida Malhão (@marianamargaridamalhao)
“After” de Nuno Alecrim (@nunoalecrim)
“Gradient” de Projecto Ruído (@projetoruido.pt)
“Beirobra” de Sepher (@sepher.awk)
“Out of the box” de SMILE (@smile_artist_official)
“Bloom” de Teresa Rego (@teresarego.studio)
“Profícuo” de Colombus3 (@colombus3)
“From Dark Substance Sprouts the Vessel” de Adamastor (@adamastor.studio)