Fotografias por Marta Pina
Ilustrações por Márcio Matos
Último dia de vinte-vinte-e-dois e quem é que precisa de mais uma rodada de acontecimentos que marcaram ou de outro inventário totalmente original e verídico dos melhores de qualquer coisa, etc, etc? Este artigo, já se percebeu, não é isso. Neste momento, o que nos apetece mesmo é enaltecer a nossa apreciação pelo pessoal que este ano não hesitou em mandar um safoda para as coisas como elas são e simplesmente decidiu remar contra a corrente e desbravar o seu próprio caminho – e liberdade – através do simples e poderoso acto de criar algo diferente. Para vocês, segue todo o nosso amor.
E como é de amor que aqui falamos, não queríamos esgotar o ano sem entregar as merecidas flores aos artistas e crew da editora Príncipe Discos pelos 10 anos de actividade que celebrou durante os últimos 365 dias. Para quem não conhece, trata-se da casa dos talentosos artistas dos subúrbios ocultos de Lisboa que têm criado alguma da música mais imprevisível e futurista que se tem escutado por cá em tempos recentes: Nídia Sukulbembe, Dj Marfox, Dj Nigga Fox, Dj Firmeza, Dj Nervoso, a turma RS Produções… São imensos os nomes que fazem parte da realeza que pegou nas tradições sonoras da diáspora negra pós-colonial e as transformou em “mambos” potentes e altamente dançáveis.
Foi uma década a inventar outros mundos, a descobrir outros mundos (este coletivo já actuou nos diferentes extremos do globo) e a mexer com o nosso: a música da Príncipe é mais uma força a dobrar as placas tectónicas da portugalidade decadente e a propor uma outra visão e ideia para a nossa comunidade – mais inclusiva e equitativa.
Seguimos a celebrar a editora com alguns recortes visuais de Márcio Matos e Marta Pina que se tornaram icónicos nesta viagem que esperamos que se prolongue por tantos mais anos.